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Jornal do Meio Dia

Exposição “Arte Sacra de Meinrada” resgata memória artística e espiritual de Itapetininga

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A edição do Jornal do Meio-dia desta terça-feira, 17 de junho, recebeu a artista plástica Walkiria Paunovic, idealizadora da exposição “Arte Sacra de Meinrada”, em cartaz na Associação Nossa Senhora Rainha da Paz. A mostra, que une arte, fé e história, resgata o legado artístico da freira beneditina Luise Meinrada Heine e está sendo realizada com recursos da Política Nacional Aldir Blanc (PNAB), do Ministério da Cultura.

A exposição teve início na segunda-feira (16), e segue até o dia 24 de junho na ANSPAZ, antes de circular em formato itinerante por escolas e instituições de Itapetininga. A proposta é ampliar o acesso à cultura e à arte sacra, especialmente entre estudantes da rede pública, oferecendo uma experiência educativa e sensorial sobre essa importante vertente do patrimônio cultural do município.

Durante a entrevista, Walkiria explicou que o projeto nasceu a partir de uma pesquisa pessoal sobre a vida e obra de Meinrada, que viveu em Itapetininga por mais de 40 anos e deixou cerca de 40 Via-Sacras espalhadas por igrejas do interior paulista. “Essa geração precisa conhecer o que é arte sacra, o que é um mosaico, uma xilogravura, uma música gregoriana. É um conteúdo riquíssimo que desperta o olhar sensível nas crianças”, disse a artista.

Itinerância e ações educativas

Após o encerramento da exposição na ANSPAZ, o projeto segue para diversas escolas da cidade, como a Escola Estadual José da Conceição Holtz, a PEI Alceu Gomes da Silva e o Projeto Guri. Uma das próximas paradas será o Centro Cultural Brasil-Estados Unidos, no dia 24 de julho, onde a exposição ficará por mais uma semana e meia.

Além da exibição das obras restauradas, a proposta prevê a realização de oficinas pedagógicas em sala de aula, mediadas por professores com apoio do material expositivo. Também será exibido um documentário sobre Meinrada, com recursos de acessibilidade como interpretação em Libras e QR Codes para informações complementares.

Arte como resgate de memória

O acervo principal da exposição foi resgatado da Igreja Nossa Senhora Aparecida. Segundo Walkiria, as peças estavam em avançado estado de deterioração, atacadas por cupins e abandonadas por falta de profissionais especializados na cidade. “Foi um presente de Deus. Quando ganhei o projeto, recebi o acervo em estado crítico. Com o Jorge [Paunovic], trabalhamos por cinco meses na restauração. Cada detalhe foi estudado com muito cuidado”, explicou.

Os mosaicos foram restaurados com base nas técnicas originais da artista. As pedras brasileiras utilizadas por Meinrada mantêm suas cores naturais e foram organizadas de forma minuciosa para preservar o traço e o estilo da artista suíça. “Não é só talento. É muita paciência, respeito pela obra e admiração pelo trabalho dessa mulher que veio da Europa e dedicou a vida a Itapetininga”, ressaltou Walkiria.

O legado de Meinrada

Luise Meinrada Heine nasceu na Suíça e se formou em artes na cidade de Munique, na Alemanha, com especialização em desenho, pintura a óleo, mosaico e xilogravura. Veio ao Brasil em 1942, como freira beneditina, e atuou como professora no Colégio Imaculada Conceição, em Itapetininga. Além de sua produção artística, contribuiu com ilustrações para publicações religiosas e formou gerações de alunos.

Faleceu em 1988, aos 91 anos, deixando um legado artístico que, por muito tempo, permaneceu invisível ao público. O projeto de Walkiria visa justamente recuperar essa memória e apresentá-la às novas gerações.

A entrada para a exposição é gratuita e aberta ao público. Ao visitar o espaço, além de conferir as obras restauradas, o público também poderá conhecer o acervo do Museu Carlos Aires, considerado um dos maiores acervos do interior paulista em arte sacra.

Serviço:

  • Exposição “Arte Sacra de Meinrada”

  • Local: Associação Nossa Senhora Rainha da Paz – até 24 de junho

  • Em seguida: Centro Cultural Brasil-Estados Unidos, a partir de 24 de julho

  • Entrada gratuita

A exposição é uma iniciativa da Secretaria de Cultura e Turismo de Itapetininga, com apoio do Ministério da Cultura, e representa um importante passo para a valorização da história local, da educação artística e da preservação do patrimônio religioso do município.