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Em Itapetininga, escravos e ex-escravos comemoraram a abolição com passeata e festa em 1888

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A abolição da escravatura foi um dos acontecimentos mais marcantes da história do Brasil e determinou o fim da escravização dos negros no Brasil. A abolição do trabalho escravo ocorreu por meio da Lei Áurea, aprovada no dia 13 de maio de 1888 com a assinatura da regente do Brasil, a princesa Isabel. A abolição da escravatura foi a conclusão de uma campanha popular que pressionou o Império para que a instituição da escravidão fosse abolida de nosso país.

Segundo o Antônio Galvão Júnior, no livro “Itapetininga e sua história”, a notícia da sanção da lei áurea em 13 de maio de 1888, a notícias chegou no dia 14, à tarde pelo correio. Neste dia, chovia torrencialmente na cidade, entretanto foguetes subiam para o ar de todos os cantos da cidade. “À noite, como por encanto, Itapetininga, iluminou-se toda e o povo precedido de uma banda e música, dirigiu-se ao Largo Municipal, hoje Praça Marechal Deodoro, onde já estavam concentrados mais duzentos ex-escravos de todas as idades, inclusive mulheres e crianças”, diz o livro.

De uma das janelas do Paço Municipal, hoje onde fica o Centro Cultural, Manoel Cardoso, pronunciou um vibrante discurso. Dezenas bandeiras de todas as nacionalidades foram distribuídas aos escravos libertos. Formou-se uma passeata que percorreu as ruas da cidade e dirigiu-se à casa do vigário, do juiz de direito e do Clube Venâncio Ayres.  Os escravos não se continham de alegria e reuniram no Largo Municipal, ao som do pandeiro dançaram samba até raiar o dia.

A Lei Áurea trouxe uma mudança significativa para os negros escravizados, mas não significou que a vida deles seria mais fácil. A abolição da escravatura não foi acompanhada de nenhuma iniciativa do Estado brasileiro para incluir esse grande número de pessoas que foram libertas. Muitos dos libertos continuaram a ser explorados e viviam à margem da sociedade, com poucas oportunidades.

Passada a euforia inicial pela garantia de liberdade, muitos libertos procuraram mudar-se de lugar para sobreviver longe dos locais nos quais foram escravizados. Como não foi realizada reforma agrária, muitos dos ex-escravos foram obrigados a aceitar trabalhar por salários baixíssimos. Houve ainda casos de libertos que foram obrigados a ter o seu trabalho explorado sem receber pagamento.