Jornal do Meio Dia
Espetáculo sobre racismo e infância negra chega a Itapetininga com o Núcleo Traços Fortes
O Jornal do Meio-dia desta quinta-feira, 7 de novembro, recebeu Lucas Silveiras, diretor e responsável pelo espetáculo “Vestígios de Alguém que Não Pôde Falar”, que estreia em Itapetininga. Lucas compartilhou sua motivação para criar a peça, que visa trazer ao palco temáticas ligadas à racialidade e ao impacto do racismo na vida das crianças brasileiras. Segundo ele, o espetáculo nasceu de uma série de pesquisas e histórias reais, como a de uma menina negra morta por uma bala perdida. A mãe, uma mulher negra e resiliente, encontrou forças para honrar a memória da filha, e essa luta inspirou a trama da peça.
A produção é apresentada pelo Núcleo Traços Fortes, formado exclusivamente por atores e artistas negros, com a missão de dar voz às narrativas muitas vezes silenciadas. Lucas explicou que o espetáculo não só emociona como também provoca reflexões profundas: “A cada apresentação, percebemos que a emoção é o principal sentimento que se destaca. O objetivo é fazer com que o público sinta e reflita sobre a realidade das crianças e mães negras no Brasil.” Ele destacou que o teatro tem a capacidade única de se renovar a cada sessão, criando uma experiência nova para cada espectador.
O espetáculo, que integra uma duologia, é inspirado em contos de Conceição Evaristo e fatos reais, como o caso de Marcos Vinícius, um jovem negro morto em uma operação policial no Rio de Janeiro. Para o diretor, trazer essas histórias ao palco é uma forma de sensibilizar o público sobre a violência que afeta a infância negra e a luta das mães que enfrentam esse tipo de tragédia. “O número de crianças negras vítimas da violência policial é alarmante. Queremos evidenciar essa luta para que o país comece a respeitar e ouvir essas vozes”, enfatizou.
Com estreia marcada para esta sexta-feira, 8 de novembro, no Teatro do SESI-SP em Itapetininga, a peça será apresentada nos dias 8, 9, 10, 15, 16 e 17, às 20h nas sextas e sábados e às 18h nos domingos. A classificação indicativa é de 14 anos e os ingressos são gratuitos, podendo ser retirados no MEU SESI. As sessões dos dias 8 e 9 contarão com intérpretes de libras para garantir acessibilidade.
Após estrear com sucesso em Rio Claro, onde reuniu mais de 700 pessoas em oito apresentações, Lucas celebra a aceitação do público e a importância de dar visibilidade às vivências da comunidade negra: “É um privilégio ver mulheres negras saindo do teatro se sentindo representadas e acolhidas. O espetáculo provoca uma resposta emocional que vai além das palavras, incentivando o público a lutar por um Brasil mais justo e menos violento.”