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Jornal do Meio Dia

Saúde auditiva: diagnóstico precoce pode preservar a cognição e melhorar a qualidade de vida

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Na manhã desta quinta-feira, 15 de maio, a Manhã Super Difusora recebeu a fonoaudióloga Dra. Maura Laureano, da Fonec, para uma entrevista sobre a importância da saúde auditiva em todas as fases da vida, especialmente após os 50 anos. O bate-papo destacou como a perda de audição, quando não tratada adequadamente, pode impactar não apenas a comunicação, mas também acelerar o declínio cognitivo, afetando a memória e a interação social.

Durante a entrevista, a especialista alertou para a necessidade de exames auditivos regulares, principalmente a partir da meia-idade. Segundo a Organização Mundial da Saúde, o monitoramento anual da audição pode ajudar a detectar perdas auditivas de forma precoce, possibilitando intervenções eficazes e evitando diagnósticos tardios que podem comprometer a qualidade de vida.

“Não é só ouvir bem, mas entender bem. Muitas vezes a pessoa escuta, mas não compreende o que foi dito. Isso já pode ser um sinal de perda auditiva”, explicou Dra. Maura. Ela destacou que, em casos mais delicados, como em diagnósticos equivocados envolvendo autismo ou distúrbios cognitivos, a avaliação auditiva pode ser um fator essencial para evitar confusões clínicas. “Já vimos crianças diagnosticadas erroneamente com autismo quando, na verdade, o problema era auditivo”, contou.

Outro ponto abordado foi a adaptação aos aparelhos auditivos, que muitas vezes enfrenta resistência dos pacientes. A fonoaudióloga ressaltou que o sucesso no uso dos dispositivos depende de diversos fatores: o envolvimento da família, o tipo e grau da perda auditiva, o estado cognitivo do paciente e, principalmente, a atitude positiva diante do tratamento. “Um exemplo inspirador é o paciente Dirceu, que com orgulho utiliza seu aparelho auditivo, mesmo sendo um modelo antigo. Isso mostra como o acolhimento e a disposição em se adaptar fazem toda a diferença”, afirmou.

A profissional defendeu ainda um tratamento humanizado, que leva em conta as habilidades manuais do paciente, seu histórico e as particularidades de cada caso. “Não existe uma única fórmula para todos. Cada pessoa precisa ser ouvida, compreendida e orientada de forma individualizada”, destacou.

Para quem teme a demência na velhice, a dica da especialista é clara: cuidar da audição também é cuidar do cérebro. Estudos recentes mostram que a perda auditiva não tratada pode estar ligada a um envelhecimento cerebral mais acelerado. “É fundamental entender que a audição tem relação direta com as funções cognitivas. Quando não ouvimos bem, o cérebro precisa se esforçar mais para compreender os sons, o que pode gerar consequências cognitivas ao longo do tempo”, pontuou.

Ao final da entrevista, a Dra. Maura reforçou que o diagnóstico precoce é a chave para uma boa adaptação e para a preservação da comunicação e da qualidade de vida. “Mesmo aos 90 anos, é possível melhorar a audição, como mostra o caso de uma paciente de 93 anos que recentemente usou seu primeiro aparelho e ficou encantada com o retorno da audição”, compartilhou com entusiasmo.

A mensagem é clara: não espere o problema apertar. Faça exames regularmente e fique atento aos sinais. A saúde auditiva é parte fundamental do bem-estar e merece atenção contínua.