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Manhã Super Difusora

Conciliação e Mediação Judicial: alternativas humanizadas à justiça tradicional

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Na manhã desta terça-feira, 29 de abril, o programa Manhã Super Difusora recebeu a mediadora judicial e extrajudicial Lilian Placo para uma conversa esclarecedora sobre o tema “Conciliação e Mediação Judicial”. A entrevista trouxe à tona reflexões importantes sobre a cultura de judicialização no Brasil e destacou os benefícios de resolver conflitos fora do ambiente tradicional do Judiciário.

Segundo Lilian, muitos dos processos que chegam aos tribunais poderiam ser evitados com o uso da mediação, uma ferramenta eficiente e cada vez mais necessária diante da sobrecarga do sistema de justiça. “O judiciário está travado, não por falta de competência, mas por excesso de demandas. E grande parte delas poderiam ser resolvidas por meio do diálogo”, destacou.

A mediação, diferente do processo judicial, busca aproximar as partes por meio da escuta ativa, da neutralidade e da condução de um mediador treinado, que atua como facilitador da comunicação. “Muitas vezes, o conflito está carregado de emoção, e é isso que dificulta a resolução. O papel do mediador é justamente ajudar as pessoas a enxergar além do emocional”, explicou Lilian.

Durante a entrevista, ela usou exemplos do cotidiano para mostrar como problemas entre vizinhos, disputas familiares e até mesmo questões de herança podem ser resolvidos sem a necessidade de uma ação judicial. “Tem situações em que as pessoas se desentendem por apego emocional, como o caso de uma casa onde cresceram. Nesses momentos, é preciso ter alguém que ajude a construir pontes e buscar alternativas justas para todos”, afirmou.

Lilian também explicou que existem dois caminhos para a mediação: a judicial e a extrajudicial. Na primeira, o processo já está em andamento e o juiz designa uma audiência de conciliação para tentar um acordo entre as partes. Já na extrajudicial, as partes buscam um mediador antes mesmo de levar o caso ao tribunal. “Na mediação privada, conseguimos conversar com cada parte antes da sessão principal, o que ajuda a esclarecer sentimentos, alinhar expectativas e evitar uma escalada do conflito”, disse.

Um ponto importante levantado por Lilian é que a mediação não busca um “ganha-perde”, mas sim o “ganha-ganha”. O acordo é construído pelas próprias partes, com autonomia de vontade, e muitas vezes de forma mais rápida, menos custosa e emocionalmente mais saudável. “Quando o juiz decide, ele se baseia apenas no que está no papel. Já na mediação, as partes têm a oportunidade de se ouvir, se entender e encontrar juntas uma solução”, completou.

Além dos aspectos técnicos, a entrevista também trouxe uma reflexão sobre como as emoções interferem na capacidade de decisão das pessoas. Lilian explicou que o mediador atua como um filtro emocional, acolhendo, mas ao mesmo tempo ajudando as partes a focarem no que realmente importa. “A escuta ativa é essencial. É preciso ouvir com atenção, interpretar com cuidado e comunicar de forma clara. Muitas vezes, só o fato de se sentir ouvido já diminui o conflito”, destacou.

A entrevista reforçou a importância da mediação como instrumento de transformação social e promoção da cultura de paz. Em tempos em que o diálogo parece cada vez mais escasso, iniciativas como essa mostram que é possível resolver diferenças com empatia, equilíbrio e respeito mútuo.

Para quem enfrenta um conflito e não sabe por onde começar, buscar a mediação pode ser o primeiro passo para a construção de um caminho mais humano, justo e eficiente. Afinal, como ressaltou Lilian Placo, “nem todo problema precisa virar processo”.